terça-feira, 24 de novembro de 2009

Uma Nova Proposta de Assistência ao Sofredor Mental através de visitas Domiciliares

Pessoal, encontramos este artigo (Relato de Experiência) na edição brasileira da Revista Científica Nursing, de Abril de 2005. Este relato de experiência é de estudantes de Enfermagem, da Universidade Federal de Santa Catarina. Por ser bem extenso, fizemos algumas adaptações. Vale a pena conferir:

Este artigo trata-se de relato de experiência com clientes de instituição psiquiátrica e com famílias de clientes egressos desta mesma instituição. Estudo desenvolvido no período de 09 de abril a 12 de junho de 2003 e contemplou a Prática Assistencial do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, referente à disciplina de Enfermagem Assistencial Aplicada. O trabalho tem como objetivo promover a qualidade de vida do sofredor mental, facilitando a interação familiar através de visitas domiciliares, colaborando com as não reinternações hospitalares, utilizando como referencial a relação pessoa-pessoa. Acreditamos que a participação da família no processo de reabilitação do sofredor mental seja de extrema importância a fim de que sejam evitadas as reinternações hospitalares, uma vez que a família é, também, um agente do cuidado.

Os altos índices de reinternações hospitalares podem estar associadas à ineficácia da assistência prestada ao sofredor mental desde a atenção básica de saúde, que faz parte de uma rede de atenção a saúde mental. A nossa proposta está baseada em preceitos da reforma psiquiátrica que preconiza uma mudança de olhares, concepções e atitudes frente a pessoa que vivencia esta situação.

O movimento da Reforma Psiquiátrica vem ao encontro das necessidades em que se encontram os serviços de atenção ao sofredor mental. Vemos esse movimento como grande transformador das condições atuais e acreditamos que socialização do paciente psiquiátrico, assim como sua reiteração com a família contribuirá diretamente para a extinção dos manicômios.

O paradigma psiquiátrico clássico transforma a loucura em doença, reproduz uma demanda social por tratamento e assistência distanciando o louco do espaço social e transformando a loucura em objeto do qual o sujeito precisa distanciar-se para produzir saber e discurso.

Sabemos também que a reforma implica em modificar formas de pensar e compreender o portador de doença mental; concordamos quando colocam que a reforma transforma saberes e práticas em relação à loucura, percebe a complexidade do objeto, re-compreende o sofrimento psíquico.

O termo reforma designa um conjunto de medidas administrativas, organizacionais e assistenciais com o propósito de introduzir mudanças no aparato institucional prestador de assistência ao indivíduo acometido por transtorno mental.

Nas últimas décadas muitos profissionais de saúde vêm discutindo e problematizando assistência psiquiátrica pública no Brasil. Hoje o panorama geral, apesar de estarmos ainda longe do ideal, já se delineia de forma que o modelo psiquiátrico tradicional, centrado na figura do médico, não detém como antes a hegemonia absoluta. Várias experiências espalhadas pelo Brasil, já mostraram que os sofredores mentais podem prescindir do manicômio – visto como um local de tratamento, clausura e restrito a medicalização.

A violação dos direitos humanos fundamentais continua a ser testemunhada em diversos Hospitais Psiquiátricos, apesar disto a fiscalização é bastante intermitente e muito restrita.

Temos a convicção de que o ambiente familiar, de modo geral, e a utilização de estruturas externas totalmente substitutivas à internação manicomial, possibilitam integrar o indivíduo acometido por transtorno mental à sociedade.

A família é o suporte indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos membros que a constituem. É neste ambiente que seus membros recebem os apoios afetivos, psicológicos e, sobretudo, o material necessário a seu crescimento e desenvolvimento. No ambiente familiar são transmitidos os valores éticos e humanitários, onde se formam os hábitos, crenças e comportamentos.

A participação da família no processo de reabilitação do sofredor mental é de extrema importância para evitar a reinternação hospitalar, já que ela é também um agente de cuidado. Associado a inserção familiar e social, podemos promover os resgate de valores, a participação em atividades sociais, reforçar suas habilidades e fornecer orientações referentes a sua doença.

O nosso interesse em trabalhar com a assistência ao sofredor mental surgiu após estágio extracurricular e atividades teórico-práticas da disciplina Enfermagem Psiquiátrica II realizadas em um macro hospital psiquiátrico, em que nos sensibilizamos com a forma de assistência ali oferecida.

Esta sensibilização deu-se a partir dos nossos conhecimentos teóricos adquiridos durante a disciplina, enfocando como referencial a relação pessoa a pessoa, que tem como uma das premissas básicas de que a relação só é estabelecida quando ambos se percebem como um ser humano único.

Observamos que o modelo assistencial prestado na instituição não está em sua totalidade de acordo com este referencial. Da mesma forma percebemos que a assistência, mesmo desenvolvendo atividades terapêuticas diversas, prevalece o tratamento medicamentoso.

A partir dessa vivencia desencadeando um novo olhar quanto a assistência psiquiátrica, nosso trabalho propôs a inserção do sofredor mental no contexto familiar, onde consideramos o ambiente em que vive, como o local pertinente para a sua reabilitação psicossocial.

A partir de uma visão mais humanizada, resolvemos utilizar a proposta interacionista , pois expõe a importância de se comprometer emocionalmente com o ser humano para que possa ser estabelecida a relação pessoa-pessoa. Sabemos que para alcançarmos o bom êxito é necessário, em primeiro plano, compreender o sofredor mental como um todo, respeitando sua individualidade.

Pretendemos proporcionar ao indivíduo/família uma maneira diferenciada de conviver, pois sabemos que há um estigma negativo referente ao sofredor mental, caracterizados como “loucos” em que muitas vezes, se encontram isolados da sociedade.

A experiência adquirida com este trabalho nos proporcionou ampliar os conhecimentos sobre o indivíduo/família, que possui alguma forma de transtorno mental.

Percebemos que ninguém é inteiramente sadio ou inteiramente doente, quando se abordam termos psíquicos. Podemos imaginar que, se classificássemos todas as pessoas de acordo com o seu grau de saúde mental, teríamos das mais sadias às mais doentes, passando por todos os níveis intermediários, e não seria possível definir o limite exato no qual termina a saúde e começa o transtorno mental.

O grau de saúde mental das pessoas não é sempre o mesmo; ele varia de acordo com os momentos, com as situações pelas quais elas passam. Por exemplo, um indivíduo habitualmente independente e cooperador pode deixar de sê-lo as vésperas de um acontecimento importante ou quando sofre a perda de um ente querido.

Através da Teoria utilizada conseguimos compreender a importância de se respeitar a individualidade de cada pessoa. É de extremo significado utilizarmos a relação pessoa-pessoa ao lidarmos com indivíduos acometidos por transtorno mental.

Ao refletirmos sobre essa trajetória percebemos que rodo o ser humano deseja ser amado, obter atenção, ser bem sucedido e viver em segurança, porém, constantemente, se depara com situações que o impedem de realizar-se como pessoa.

Acreditamos que o grau do sofrimento mental do individuo pode estar relacionado às experiências vividas no contexto familiar, principalmente no que se refere aos sucessos ou decepções de suas projeções.

O enfermeiro, profissional de saúde mental, deve identificar de forma favorável uma situação de sofrimento individual e familiar de modo a promover bem estar psíquico, espiritual, social e emocional, evitando assim o aumento do número de reinternações.

Desejamos com estas reflexões contribuir de forma favorável para despertar de um novo olhar relacionado à assistência ao portador de sofrimento mental. Estamos cientes das dificuldades que existem em modificar o estigma da loucura estabelecido pela sociedade, mas este fato não nos impede de acreditarmos que em um futuro próximo, o sofredor mental poderá transcender os “muros” que há muito tempo o isolam da sociedade.


TEIXEIRA, A.; FENILI, R.M. Uma Nova Proposta de Assistência ao Sofredor Mental Através de Visitas Domiciliares - Relato de Experiência. In: Revista Nursing, v.83, n.8, abril, 2005. p. 190-194.


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Gênero: Resenha Crítica

Esta resenha apresenta pontos da pesquisa sobre a realidade manicomial no Brasil, baseada no Movimento de Luta Nacional Antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica. Para a obtenção dos dados sobre este assunto, o grupo recorreu a diversos meios de pesquisa e todos os dados coletados foram publicados neste blog. O foco dado à pesquisa diz respeito à imagem que a sociedade tem a respeito dos sofredores mentais e o descaso a eles em relação aos maus tratos, desprezo e abandono vivenciado nas instituições psiquiátricas, mais precisamente nos manicômios, que ao longo da história têm se mostrado ineficazes. Se colocarmos em xeque o objetivo dessas instituições – ajudar o paciente a se reintegrar à família e sociedade – comprovaremos que não tem sido esta a realidade.

Para produzir a resenha crítica, usaremos os artigos da Revista Nursing (2005), a entrevista com Austregésilo Carrano Bueno, o documentário “A Casa dos Mortos” e as três entrevistas feitas com pessoas distintas, sem conhecimento específico sobre a situação. Todas estas informações estão publicadas no blog na íntegra, com suas respectivas fontes.

Ao se tratar de uma pessoa com transtorno mental, logo vêm à mente imagens de pessoas desequilibradas, mais precisamente, loucas. Muitos até têm medo só em pensar em um, porque logo pensa em pessoas agressivas. Mas pior ainda que a imagem do sofredor mental, é a imagem dos manicômios. Instituições como esta já foram muito retratadas em filmes, especialmente no gênero terror. E estes locais são mostrados como sujos, repugnantes, com pouca iluminação e com profissionais que parecem ser mais doentes que os próprios pacientes internados. Por esta razão, quando se pergunta a alguém se tem curiosidade de conhecer um manicômio, normalmente ele reluta pelo pavor, mesmo aqueles que dizem que gostariam. Mas infelizmente a realidade mostrada no cinema se encaixa com a realidade do que é um manicômio.

Austregésilo Carrano Bueno, em seu livro “O Canto dos Malditos”, explicita muito da realidade desconhecida sobre os manicômios. Ele mesmo viveu três anos e meio internado, passando por quatro hospitais psiquiátricos. Ele mais do que ninguém tem autoridade para tratar sobre o assunto e em sua entrevista à Radioagência NP, relata dados assustadores. Ao ser perguntado sobre a falta de necessidade real em que muitos são internados nos manicômios, ele disse ser uma verdade, afirmando que muitos são internados simplesmente por um roubo, uma depressão pós-parto, problemas que com a ajuda de um psicólogo já resolveria. E mencionou um dado alarmante de uma avaliação feita pelo Ministério da Saúde em dois manicômios cariocas em que chegaram à conclusão de que 94% dos internados poderiam ser tratados fora destas instituições.

Isso remete também ao trabalho desenvolvido pelos estudantes de enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, que fizeram um projeto de tratamento alternativo com os chamados sofredores mentais. Analisando também a realidade manicomial e pela experiência vivida em um hospital psiquiátrico, chegaram à conclusão que os tratamentos, que em sua maioria é de clausura, tem tornado o doente ainda mais doente e incapaz de retornar ao convívio familiar e na sociedade. Pelo fato dos pacientes praticamente perderem o convívio com o mundo externo, eles ficam ainda mais transtornados, muito piores do que quando entraram no manicômio.

Este projeto, assim como tantos outros, respalda o Movimento de Luta Nacional Antimanicomial que completa 22 anos em 2009. Por mais que estejamos em uma situação alarmante, felizmente existem profissionais da área da saúde – enfermeiros, psicólogos, psiquiatras e outros – que têm se mobilizado para mudar esta realidade camuflada pelo Ministério da Saúde e mais ainda, pelos psiquiatras donos de manicômios. Um grande passo alcançado por este movimento foi a Lei de Reforma Psiquiátrica, que completou oito anos. Através deste, além de projetos de mudança do tratamento com o sofredor mental, tem exposto a realidade para que a sociedade se una nesta causa tão desconhecida ainda.

Um destes meios para a proliferação desta realidade é o documentário lançado em 2009, durante o festival É Tudo Verdade, em Brasília, chamado “A Casa dos Mortos”. Ele revela sem pudores a realidade dos manicômios jurídicos brasileiros. Por mais que seja em um ponto específico, a questão jurídica, este documentário só endossa a ineficácia destas instituições. Para se ter uma idéia, mais de 4.500 pessoas estão abrigadas nestes manicômios no Brasil. Estes detentos, chamados até mesmo de defuntos sociais, perdem totalmente o vínculo com o externo, são maltratados e submetidos a condições e tratamentos desumanos. Para eles, bem como todos os outros internados em diversas instituições psiquiátricas brasileiras, devido à falta de tratamento adequado, de terapias, atividades de cunho social e trabalho de incentivo à reaproximação familiar, como afirmou Austregésilo, eles têm zero por cento de chance de se recuperarem.

Com todas essas informações, só poderíamos chegar à conclusão que precisamos ser voz daqueles que devem estar agora, sedados, amarrados em suas macas, sem esperança de nada mais. Que já foram submetidos a tantos traumas depois de serem internados que são como “defuntos sociais”. É preciso que o povo brasileiro se sensibilize à causa dos “loucos”, que em muitos casos não o são, e manifeste-se contra os abusos dos maiorais psiquiatras do nosso país. O Movimento de Luta Nacional Antimanicomial e a Reforma Psiquiátrica precisam ser apoiados, precisam ser difundidos aos meios de comunicação para que esse descaso acabe. Por mais que até uma lei tenha sido aprovada em favor do movimento, mais de 90% da verba destinada à saúde mental ainda é destinada aos donos de hospitais psiquiátricos. Sobra muito pouco para mudar a realidade vergonhosa em que nos encontramos como povo brasileiro.

O “louco” tem direitos como nós, às vezes poderão ser tão normais como nós, desde que voltemos os nossos olhos para eles e estendamos a mão para tirá-los destas cavernas que os impedem de serem o que são: SERES HUMANOS.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Gênero: entrevista!

Essa entrevista tem o objetivo de mostrar o que o senso comum sabe a respeito do que se trata a luta antimanicomial, e do que é o manicomio em si.


ENTREVISTA 1 ( “J” ) estudante de psicologia, 19 anos;

1) O que você entende por manicômio?
Não gosto muito da palavra não, porque ela por si só já tem um ar meio sombrio, mas pra mim é tipo uma casa de repouso.

2) O que é saúde mental pra você?
Saude mental, bom é a pessoa estar saudável.

3) Você já visitou um manicômio? Pensa em visitar? Tem curiosidade?
Não visitei, mas morro de vontade de conhecer, pelo que já me contaram deve ser muito interessante, mas queria entrar lá.

4) Você já ouviu falar sobre a luta antimanicomial? Se sim, você é contra ou a favor?
Já ouvi falar sim, mas por alto, um comentario aqui outro ali, mas nunca assim a fundo mesmo. Se sou contra ou a favor depende do que estao reivindicando. acredito que teria que ter um espaço para uma socializaçao do paciente, mas nao internação.


ENTREVISTA 2 (“E”) estudante, 16 anos

1) O que você entende por manicômio?
Lugar que abriga pessoas com algum distúrbio mental. (maus tratos )

2) O que é saúde mental pra você?
É você estar consciente de suas ações.

3) Você já visitou um manicômio? Pensa em visitar? Tem curiosidade?
Nunca visitei, não penso em visitar, e não tenho curiosidade porque penso ser um lugar ruim, que maltrata os doentes.

4) Você já ouviu falar sobre a luta antimanicomial? Se sim, você é contra ou a favor?
Não, nunca ouvi falar.

ENTREVISTA 3 (“S”) dona de casa, 37 anos.

1) O que você entende por manicômio?
Um lugar que abriga pessoas doentes, e com problemas mentais.

2) O que é saúde mental pra você?
Estar bem, psicologicamente e fisicamente.

3) Você já visitou um manicômio? Pensa em visitar? Tem curiosidade?
Nunca visitei, penso em visitar, conhecer a realidade dos manicômios brasileiros.

4) Você já ouviu falar sobre a luta antimanicomial? Se sim, você é contra ou a favor?
Sim, sou a favor, os manicômios são lugares sujos, em que os doentes são mal tratados e jogados, sem nenhuma humanização.

Em debate: os desafios da luta antimanicomial no Brasil

Em entrevista à Radioagência NP, Austregésilo Carrano Bueno, autor do livro O Canto dos Malditos que inspirou o personagem interpretado pelo autor Rodrigo Santoro no filme Bicho de Sete Cabeças, fala sobre os absurdos ainda recorrentes dentro das instituições psiquiátricas e sobre o forte lobby que o setor exerce sobre a área da saúde mental brasileira.O Movimento de Luta Nacional Antimanicomial completou 20 anos em 2007. Apesar dos avanços conseguidos pelos militantes da causa, como a aprovação da Lei de Reforma Psiquiátrica em 2001 – que prioriza os Centros de Tratamentos Substitutivos no lugar do manicômicos, a política e os métodos utilizados no tratamento da saúde mental dos brasileiros ainda têm muito o que evoluir.Carrano ficou três anos e meio internado e nesse período passou por quatro instituições psiquiátricas. Os traumas pelos quais passou foram contados no livro como uma forma de terapia para o autor.

Leia abaixo a íntegra da entrevista.

Como se deu o seu envolvimento com a literatura?

Austregésilo Carrano Bueno: Eu comecei a escrever o livro O Canto dos Malditos em 1986. Foram quatro anos para eu conseguir editar esse livro porque ali eu citava nome de médicos e hospitais, e mostrava todo o terror que era o tratamento dado. Todo mundo era sedado em massa, através dos verdadeiros coquetéis químicos, que nós pacientes somos obrigados a tomar. E isso acontece até hoje. O número de pessoas que são recuperadas dentro dessas instituições psiquiátricas é zero por cento. Tanto que a pessoa sai lá de dentro com mais traumas e mais seqüelas, do que quando entrou. Tudo isso aconteceu comigo, eu tinha que desabafar isso de alguma maneira e a literatura foi a linha que eu escolhi.

Você mostra no livro que as pessoas que são internadas nesses locais não possuem necessariamente um distúrbio que justifique sua internação. Fale sobre isso.

ACB: Sim. Internam pessoas até para comer lá dentro. Se um garoto está aí fora roubando toca fita, pegam e internam lá dentro. Então virou um depósito de problemas. Você vê mulheres em crise pós-parto enfim, uma mistura de pessoas que de repente, apenas um papo ou uma visita a um psicólogo resolveria a situação. Não é isso que se vê. Fazem aquele bicho de sete cabeças e internam nessas instituições. O Ministério da Saúde tem uma equipe que fez uma avaliação no Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, e no Tonheiras que é outro hospício também, e se chegou à conclusão que 94% das pessoas que estão internadas nessas instituições poderiam ser tratadas aqui fora.

Como se pode lutar contra esse total descompasso entre a teoria do que se imagina como ideal para esses hospitais e a prática terapêutica que realmente acontece lá dentro?

ACB: Através do Movimento Nacional da Luta Anti-Manicomial, esse descaso tem sido sido menor. Mas a gente enfrenta o lobby da psiquiatria que é muito forte. Eles são donos dos hospitais psiquiátricos. A psiquiatria já foi primeira despesa do SUS [Sistema Único de Saúde]. Hoje é a terceira maior despesa do SUS, consumindo mais de R$ 700 milhões por ano. É um bolo grande. Então há muitos interesses que envolvem a psiquiatria no país. Então a gente luta contra essa máfia, contra esses empresários da loucura que são os donos e filiados a essas instituições psiquiátricas.

Pode-se falar em desvios de verbas por parte desses empresários?

ACB: Olha, tudo o que é fechado, tudo que é feito entre quatro paredes, você não sabe o que realmente acontece lá dentro. Então sê você quiser ir visitar uma pessoa dentro de um hospital psiquiátrico, você não consegue. Você tem que ir nos dias de visita, programados pela direção da instituição. No restante do tempo, você não sabe o que acontece lá dentro. Então o desvio de verbas para alimentação e para uma série de coisas dentro do hospital é visível a olho nu. Basta você ver essas pessoas lá urinadas, defecadas ou com trapos pendurados. Então a psiquiatria, se ela proíbe é porque ela tem algo a esconder, que é esse caos todo.Fale sobre os avanços da luta antimanicomial?ACB: Depois de 13 anos de luta no congresso, nós conseguimos fazer do Projeto de Lei, a Lei de Reforma Psiquiátrica que prioriza a construção de uma rede de trabalhos substitutivos que são os CAPS´s os Centros de Convivência, os Lares Abrigados, mas é pouco ainda porque 90% da verba destinada para a saúde mental ainda vai para os donos de hospitais psiquiátricos."


Fonte: Radioagência NPPublicado em 11/01/2008

quinta-feira, 19 de novembro de 2009





O video foi retirado de um canal de tv, que foi apresentado por um programa da mesma, chamado Reporter Justiça.



E relatado no video uma entrevista com profissionais da area da saude, medicos psiquiatras e psicologos, que espõe suas opiniões sobre a reforma antimanicomial. Há relatos de pessoas que procuram a ajuda para familiares, que precisão de tratamento com psicologos e psiquiatras para saber lidar com sua doença e com a sociedade. Por isso e nescessario os centros de apoios (CAPIS) para que a pessoa que tem um leve problema mental possa se tratar sem ser internada em um manicomio com as condições disumanas.



Os reporteres do jornal colocam muito bem o descaso com a população que prescisa de atendimento especifico.



Veja e confira no video!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Gênero: História em quadrinhos.


Na história em quadrinhos acima temos uma representação social do louco pelo aspecto senso comum. A idéia do louco como alguém sujo e sem roupas, enquanto quem realmente tem algum problema é a personagem limpa, e aparentemente normal.

Gênero: Charge.



Quem é realmente louco?



Bom, é legal refletir sobre a questão
comportamental do ser humano e perceber que as diferenças nos torna muito iguais.
Essa charge no faz pensar um pouco mais acerca da tênue linha que separa a loucura da sanidade!

OBS: para ampliar clique na imagem!



segunda-feira, 16 de novembro de 2009